Geladeira Ecologica
Há muito tempo, mas ainda nesse século, colocava-se em prática a refrigeração, que já era sentida como essencial à conservação dos alimentos, através de grandes máquinas "fazedoras de frio" à base da compressão e descompressão de gases, tais como a amônia, o dióxido de enxofre e o cloreto de metil. Os processos de refrigeração eram extremamente perigosos, visto que o equipamento de compressão, volta e meia, entrava em colapso e causava explosões e incêndios, além do que os gases eram tóxicos. Impensável era ter, à essa época, em casa, um aparelho de refrigeração para conservar os alimentos; o costume era comprar gelo, levá-lo para casa e resfriar os alimentos por contato com esse gelo.
Em 1931, um cientista, Thomas Midgely Jr., inventou o gás Freon-12 que, pouco tempo depois, demonstrou pelas suas incríveis propriedades criogênicas ser a alternativa ideal para substituir todos os outros gases fazedores de frio. Tal gás era não inflamável, não explosivo e não tóxico, além de também não ser corrosivo dos metais com que fazia contato. A pressão necessária para fazer valer suas características criogênicas era também menor que a exigida pelos outros gases. Foi uma verdadeira revolução industrial que passou a permitir que se produzisse frio caseiramente. Em 1950, os alimentos congelados invadiram o mercado norte-americano e daí, a idéia começou a percorrer o mundo e logo a seguir, começou-se a refrigerar, além de alimentos, o ar ambiente. Fantástica foi também a descoberta de outras propriedades deste gás, particularmente de seus sucedâneos, quais fossem, servir como matéria-prima para a produção de espumas de poliestireno, para enchimento dos famosos frascos de "sprays" de todas as naturezas e ainda servir como excelente material de limpeza de delicados circuitos eletrônicos. Mas a própria ciência, que inventa maravilhas, acabou descobrindo neste produto, que todos julgavam inerte, uma propriedade terrível que só foi possível perceber a partir de outros avanços científicos. A seqüência da história foi, mais ou menos, a seguinte: descobriu-se que nossa estratosfera era rica de um gás chamado Ozônio; descobriu-se que, da gama de radiações solares, uma delas, a ultravioleta, era filtrada por esse ozônio nas altas camadas da atmosfera; descobriu-se que a radiação ultravioleta tinha sobre o ser humano e outros seres vivos efeitos perniciosos; descobriu-se que o Freon-12 e seus parentes (todos CFC’s), que foram desenvolvidos com a mesma concepção, possuíam a propriedade de aniquilar o ozônio nas altas camadas da atmosfera (entre 20 e 50 quilômetros de altitude). A cadeia de descobertas levou à conclusão lógica de que, apesar das maravilhosas propriedades desses gases, que se denominam em conjunto por clorofluorcarbonos (CFC’s), se estava pagando um preço alto pelo seu uso, visto que, a destruição do ozônio, via os CFC’s, se fazia muito rapidamente, porque cada átomo de cloro dessa substância, que se libera devido à própria radiação ultravioleta, vai "roubando" um átomo de oxigênio do ozônio, transformando-se novamente em cloro ativo, e daí, sucessivamente buscando outro ozônio; dessa forma, um só "cloro" era capaz de promove a destruição de muitos "ozônios". Tal constatação alertou o mundo para as graves conseqüências da destruição do ozônio estratosférico. A coisa toda, que era só pesquisa, assustou, devido a dois fatos; o primeiro, porque confirmou-se, em 1980 que os CFC’s são também gases estufa, contribuindo em cerca de 25% do total para esse efeito. O segundo, baseou-se na descoberta de um grande "buraco" na camada de ozônio sobre a Antártida, o que levou à assinatura do Tratado de Montreal, onde os produtores de CFC’s se comprometeram a diminuir a produção e buscar similares, esperando-se, assim, a diminuição do consumo pela metade até o final desse século. Vale assinalar que a família dos CFC’s tem como seus principais produtos os seguintes:
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CFC-11 – utilizado na fabricação de espumas de poliestireno. |
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CFC-12 – utilizado em refrigeração. |
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CFC-13 – utilizado na limpeza de componentes eletrônicos. |
As vidas médias estimadas: do CFC-11 é de 75 anos e a do CFC-12 entre 110 e 140 anos, o que indica que a ação maléfica desses produtos é bastante duradoura. O Bromo, elemento químico muito usado na fumigação das lavouras e em alguns tipos de extintores de incêndio, produz efeito análogo ao cloro presente nos CFC,s. Como conseqüência da destruição da camada de ozônio estratosférica, a Terra fica exposta diretamente às radiações ultravioletas oriundas do Sol e foram detectados vários males oriundos da incidência dessas radiações, entre os quais:
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O câncer de pele, preferencialmente nas pessoas de peles mais claras. |
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A catarata (doença dos olhos). |
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Na agricultura, a soja, o feijão, a abóbora, o melão e o repolho têm o tamanho de suas folhas diminuído, acarretando menor crescimento. A qualidade das sementes fica piorada. Há um aumento de pragas, doenças e pestes nas vegetações. |
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No mar, alguns fitoplânctons não resistem à radiação. |
A meta para a proteção da camada de ozônio não pode ser outra a não ser buscar-se sucedâneos para os CFC’s. Muitos frascos de sprays já não usam esse produto, bem como muitas geladeiras (apelidadas ecológicas), também aparelhos de refrigeração do ar já estão usando como gases refrigeradores o isobutano ou o HCFC (hidroclorofluorcarbono), que não agridem o ozônio.