O Homem e o Ambiente
Apesar de que o Homo sapiens, na acepção de sapiens, tenha se desenvolvido através de 1.500 gerações, pode-se afirmar que os aglomerados urbanos foram formados apenas nas últimas 200.
Foi, a partir daí, que as relações desse homem urbano com a natureza começaram e têm se tornado crescentemente complexas e conflitantes.
Antes que as cidades fossem "montadas", a distribuição das populações em grupos pequenos e isolados uns dos outros, não dava para afetar significativamente a Natureza, visto que as agressões ambientais eram de pequena monta e dispersas em vasto território, o que propiciava auto depurações, ou seja, a própria Natureza, através de seus agentes físicos, químicos e biológicos, se encarregava de recompor as condições originais do ambiente.
Com o crescimento das densidades populacionais, a necessidade de se construir infra-estruturas de moradias, indústrias, agriculturas e criações de animais organizadas, bem como serviços em geral, passaram a existir concentrações punctiformes no ecossistema.
Os corpos d'água adoeceram pelos afluentes infectados com toda sorte de poluentes, o ar e os solos se conspurcaram.
Pela modificação do albedo (capacidade de reflexão da luz solar), os edifícios e calçamentos passaram a devolver mais, por reflexão, o calor chegado do Sol e modificando, com isso, o microclima, alterando o regime de chuvas e ventos, além de roubarem ao solo sua capacidade de permeabilidade.
Além disso, cada vez mais, os conglomerados urbanos exigiram a entrada em seus seios de toda a sorte de energia, expelindo resíduos de forma crescente e variada.
De outro lado, a cidade passou a ser um grande parasita do ambiente rural, visto que não produz alimento de forma primária; polui o ar, a água e o solo; não recicla suas águas e seus materiais orgânicos e inorgânicos. Sua relação com o ambiente rural consiste na troca de mercadorias (bens industrializados), dinheiro, cultura e serviços. A cidade passou a se comportar, em outras palavras, como um animal imóvel que consome oxigênio, água, combustíveis e alimentos e libera despejos sólidos e gases poluentes. Tal animal não sobreviveria alguns dias sem a entrada dos recursos naturais dos quais depende. Vide energia elétrica, combustíveis e água, por exemplo.
Embora no ecossistema urbano os insetos, as aves e os pequenos mamíferos se alimentem uns dos outros, o grande mamífero, o homem, é incapaz de se alimentar de plantas ou de animais que não existem naturalmente nas cidades.
O parasitismo, na questão alimentação, é devido a que os alimentos consumidos pelo homem nas cidades não advêm do interior de suas fronteiras geográficas e depende da produtividade dos solos extra fronteira, enquanto que o lixo orgânico resultante não retorna ao solo que produziu o alimento para auxiliar na produção de mais alimento.
As mudanças climáticas citadas, incentivadas pelas atividades citadinas, provocam secas prolongadas ou chuvas intensas fora das cidades, indo afetar o cotidiano dos próprios citadinos e levando a concluir que, para eles, não há auto-suficiência.
Se o homem da cidade não mudar o seu comportamento com relação ao meio ambiente em que vive, a sua imprudência irá afetar o hospedeiro (de onde tira a sua subsistência) indiretamente e tanto o hospedeiro quanto o parasita poderão perecer, com certeza.